domingo, 15 de julho de 2012

No tempo em que os animais falavam

Quem se recorda daquelas fábulas infantis que começavam com a frase: "No tempo em que os animais falavam...", raciocinando retrospectivamente, não vai levar a sério tal anúncio, que era um convite a embarcar na fantasia, soltar a imaginação. Porém, se aprofundarmos nossa análise, podemos pensar que essa alusão se referia não a um tempo no qual os animais falavam a linguagem humana, mas quando os homens compreendiam a linguagem dos animais, afinal as pessoas viviam em contato muito maior com os animais, pois a população rural superava a urbana em uma proporção esmagadora e mesmo nas cidades havia um convívio muito próximo entre espécies.
O livro do cientista soviético V. P. Morozov "A Linguagem dos Animais" contém um relato ilustrativo dessa capacidade de compreender o que os animais dizem, que os homens civilizados perderam, mas os povos primitivos ainda conservam. Acampados na região ártica do norte do Canadá, um biólogo e seu guia esquimó ouviram o uivo característico de um lobo. "Ouça - disse o esquimó - os lobos conversam". E traduziu o teor da "conversa", um informe detalhado quanto à localização e ao número de indivíduos de um rebanho de alces, para que a alcatéia pudesse atacá-los. E tranquilizava os companheiros: "Não foram vistos homens". Deslocando-se ao local indicado, o cientista verificou que a tradução estava correta.

Não precisamos chegar à perfeição do Dr. Dolittle, filme com Eddie Murphy, mas a possibilidade de aproveitar a convivência com nossos cães e gatos para penetrar em seu universo e atendermos às suas necessidades, e não apenas servimo-nos deles, em uma existência completamente artificial, é realmente fascinante.



                                                            Por: Marco Antônio Vianna

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